domingo, 20 de janeiro de 2013

Há mar.

Me mergulho
É preciso coragem
A profundeza pode nos tomar
ir ou ficar
Se, no escuro, sinto que não devo
Não me rendo à dúvida
De que, na imensidão de um mar sem fim existe um segredo
Eu mesma o guardei
Guardei
Em uma concha que canta
Quando canta
Ela o imita ou lhe empresta
Quando silencia
Preenche todos os cantos

Eu sei?
E aquele rosto triste, sentado a olhar o infinito?
Também sabe...
Vi, quiçá, em seus olhos, um brilho que afirmava

O polvo com seus tentáculos sabedoria
A lagosta, com suas cores e antenas além mar
Querem mostrar?

A ostra tece fechada em silêncio
O tesouro interior
Rara, exclusiva
De poucos olhos
Que saltam comum compasso
E finos fios cintilam
Ínfimo, insinuante

A ostra sabe?
Ela sabe...
Se cada estrela reluz o que de mais lúcido pode haver
Elas vêem na escuridão.
Se o ventre escuro como o mar
Geram
O que sabe a escuridão?

Se o mar e o céu a olhos sensíveis não se dividem
Pois são divinamente os mesmos
Parto que dessa união eu sou

Se existe tanta luz
Ressurgindo do escuro
O que sabe a luz?
Eu que tanto eu me ausentei,
Caminhando à duras penas
Esquecera?

A árvore, com seus braços erguidos
Recebe-se, a si mesma, em fruto e em flor
Ela também mostra

Se caminhar por dentro
É uma busca profunda de cada um
Se pode-se encontrar
Vamos olhar!
E toda essa luz
Não viria da escuridão?


Beija-eu-Beija-mar