terça-feira, 7 de junho de 2011

Ventania

(Minha cidade já se chamou Ventania, para mim nunca mudou)

Serei vento
De sopro leve
Levando alento
E como furacão
Quebrando portas e vidraças
Serei tormento

Serei vento
Na roda da saia mulata
Levantando poeira do chão
E no fio que tece a canção
Serei um compasso de tempo

Serei vento
Que leva o chapéu de João
Que arranca os lençóis do varal de Maria
E põe cisco em olho de menino

Serei vento
Que levanta a saia na rua vazia
E desordena papéis na mesa do barão
Leva barco á vela nas ondas crespas do mar

Serei vento
Vento que páira
Vento que choca
Vento que passa...

E uiva na fenda da janela do quarto em que dormes.

(Paola Camargo)

A chegança

...E somente quando explorar o silêncio,poderei cantar...
Todas as palavras aqui deixadas,serão pura e/ou imunda expressão da necessidade de exteriorizar
De dentro da imensidão...
De dentro da inconcretude.
Ou até mesmo da ilusão.
E como no acaso não creio
Qualquer coincidência será mera
Visto que toda e/ou nenhuma palavra expressa o "Uno".

(Sempre na chegada,me admira o que não faz alarde.
Ele observa o terreno que passa a compor e olha bem ao redor.)


O princípio do som

O meu silêncio
Me quer o meu nada
E quando nada fui
Vento
Ar
Água
Grão
Canto meu
Silêncio
Explorado
Insplorado
De dentro pra fora
Vice e versa
Meu verso inverso
Nos cantos
Em silêncio
Ouço em mim
Todas as canções
De onde a luz se deu.
                                   (Paola Camargo Santos)