Serei vento
De sopro leve
Levando alento
E como furacão
Quebrando portas e vidraças
Serei tormento
Serei vento
Na roda da saia mulata
Levantando poeira do chão
E no fio que tece a canção
Serei um compasso de tempo
Serei vento
Que leva o chapéu de João
Que arranca os lençóis do varal de Maria
E põe cisco em olho de menino
Serei vento
Que levanta a saia na rua vazia
E desordena papéis na mesa do barão
Leva barco á vela nas ondas crespas do mar
Serei vento
Vento que páira
Vento que choca
Vento que passa...
E uiva na fenda da janela do quarto em que dormes.
(Paola Camargo)